25 dezembro 2011

A ironia do Natal




~ Enquanto isto, na cabeça de um cientista social.. ~

Sobre contraditoriedade do uso de 'roupas bonitas' (e conseqüentemente mais caras) no Natal.

Não seria uma lógica mais correta usarmos trapos se tratando de uma festa de valorização dos ensinamentos de Jesus entre eles a humildade, o não-preconceito, o não-julgar pela aparência, e o “comunismo”?

Encontro apenas um bom motivo para as pessoas se satisfazerem com isto:

o prazer da segurança de ver seus familiares bonitos, representando estéticamente que estão bem de saúde e financeiramente. E nesta expressão também se revela a nossa forte valorização do vestuário como forma de representação simbólica...

Outro motivo antropológico que encontro é a das fotos e os outros resquícios da inserção da esfera pública nas festas de final de ano.
Toda exposição pública depende de um sistema de códigos simbólicos e culturais para sua inserção social lógica, e nisto nos remetemos ao ato de “ficar mais bonito”; “se arrumar para sair” conforme o valor e significados atribuídos às coisas...
Ou seja, aquilo que é o diferente do ordinário, do pobre, do privado e simples: do feio.
Nada mais nada menos que o REAL.
Percebemos escancarada a influência capitalista na valorização do artificial e do temporário, em sua tentativa de atribuir uma racionalidade utilitarista à cultura, apoiada na massiva propaganda midiática em sua missão delineadora dos valores morais e estéticos - onde o real e o verdadeiro; o humano e o natural devam ser arrumados e distorcidos pelas muambas do capitalismo.

O Natal.
E o que nos vem imediatamente na cabeça?
Papai Noel, presente, pinheiros
do Norte enfeitados, bonecos e flocos de neve, crianças com seus desejos mimados e consumistas, festa....
E depois de tudo, talvez alguém se lembre de Jesus. (Ah! Verdade né, Jesus!)
Renovação da distorcida moralidade cristã, e com isto, a obrigatoriedade da Família. O resquício da valorização da união familiar para além de seu núcleo, porém da costumeira maneira superficial e temporária -
como se esta tivesse poder de efetivas realizações - ressaltando a frieza da forma de nossas relações sociais baseadas no extremamente momentâneo e no individualismo. O necessário pequeno sacrifício em prol do bem comum... porém somente se pequeno, senão é esforço demais!
Também nada de missão que dure uma vida inteira, passar fome no deserto...
NADA DE SE MATAR NA CRUZ PELOS OUTROS!!!
(Afinal, alguém já fez isto por nós!)

Realmente... 'O futuro já começou...'!
E o Natal praticamente já não passa de uma hipocrisia capitalista.

(...)

- Siiiiiim, eu quero um pedaço de rosca, peraí que eu já vo!!!”

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